top of page

Trump versus Lisa Cook: a disputa entre o Governo e o Banco Central dos EUA

       No dia 25 de Agosto, Donald Trump decide afastar Lisa Cook do seu cargo no FED (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) como membro do Conselho de Governadores  sob justificativas de supostas irregularidades com hipotecas, ferindo pilares importantes não só dos Estados Unidos como país, mas também do próprio Federal Reserve como Instituição. Em resposta, Cook disse não irá denunciar uma vez que a decisão de Trump seria ilegal.


ree

      

Primeira governadora do FED em 111 anos a ser demitida, Lisa Cook também foi a primeira mulher negra a ser membro do Conselho da Instituição. Formada em filosofia e política, com doutorado em economia, lecionou também em Harvard e na Universidade de Michigan, atuou no Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e em maio de 2022, assumiu seu atual cargo.


        A defesa de Lisa Cook ao dizer que a decisão de Trump foi ilegal é baseada na estrtura que a Instituição tem como Orgão independente do Governo Federal e dessa forma, o Presidente do país não tem autoridade direta de demitir membros do Conselho sem justa causa.


    Com mandatos longos e escalonados, os integrantes do Conselho não podem ser autoridades eleitas nem membros do Executivo, garantindo os pilares de estabilidade e continuidade nas decisões econômicas. Além disso, o FED não depende do orçamento do Congresso e suas decisões não necessitam da aprovação do Presidente e nem do Legislativo, reforçando sua independência para que atue com foco em metas de longo prazo não se submetendo aos interesses políticos e eleitorais.


        Como reação a decisão de Trump, o próprio FED respondeu que ao menos que houvesse uma decisão judicial, o cargo da Lisa Cook estaria mantido e o Departamento de Justiça do país ainda não apresentou acusações ou qualquer medida contra ela, mas que ainda sim iria investigar, aumentando a descredibilidade de Trump e evidenciando seus reais motivos por trás dessa tentativa, uma vez que sua decisão foi feita algumas semanas antes da reunião de política monetária do FED.


       Ao longo dos meses o Presidente dos EUA vem reforçando sua insatisfação com a taxa de juros, principalmente após a medida de tarifaço que contribuiu para a inflação no País e sua decisão com relação Lisa Cook causou discordâncias e preocupações com relação a tentativa de interferência de Trump.


       Apesar da previsão que o tarifaço poderá reduzir o déficit em até 4 trilhões até 2035, o mesmo tende a frear investimentos, a produtividade e diminuir o poder de compra da população, o que impacta no nível da taxa de juros, já que a decisão fará com que a economia americana diminua seu tamanho.


       Como uma tentativa de driblar os questionamentos com relação a inflação e o tarifaço, Trump respondeu que quem estaria absorvendo os custos da Política seriam as empresas internacionais e países estrangeiros, porém segundo economistas do Goldman Sachs, a expectativa é que os custos diretos das tarifas recaiam em até 70% sob os consumidores.


      A motivação política de Trump fica evidente quando conectada ao tarifaço implementado por sua gestão. As tarifas sobre aço, alumínio, produtos chineses e até sobre importações do Brasil elevaram custos de produção e pressionaram os preços internos. Como resultado, a inflação se manteve elevada, exigindo que o Fed sustentasse a taxa de juros em patamares altos para evitar desancoragem das expectativas. Essa política monetária contraria os interesses de Trump, que teme os impactos sobre crescimento econômico, consumo e popularidade.


      Assim, a tentativa de afastar Lisa Cook não é apenas uma medida política isolada, mas parte de um movimento maior de erosão institucional. Ao tentar fragilizar a independência do Fed, Trump busca responsabilizar indivíduos e contornar os efeitos negativos de suas próprias políticas econômicas. No entanto, a manobra aprofunda a percepção de instabilidade, fragilizando a credibilidade dos EUA e revela o custo político e social do populismo econômico: inflação persistente, crédito caro e enfraquecimento da confiança nas instituições.

  

Referências:

Inscreva-se na Newsletter

file_edited.png
image.png

Faculdade de Ciências Econômicas - Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã, Rio de Janeiro – RJ – Cep 20550-900

bottom of page